Apesar de o Pantanal ser um dos nossos destinos mais procurados aqui na Viare, confesso que até alguns meses atrás eu nunca tinha ouvido falar sobre a Serra do Amolar, esta imponente cadeia de montanhas com 80 quilômetros de extensão em meio a maior planície alagada do mundo.
Fiquei sabendo deste pedacinho escondido do Pantanal alguns meses atrás quando nossa querida parceira em Campo Grande, a Impacto Ecoturismo, nos convidou para conhecermos esta nova experiência na região: um cruzeiro fluvial pelo Rio Paraguai com destino a Serra do Amolar, a bordo do fantástico barco hotel Comodoro.
Além das paisagens incríveis, acrescente no roteiro também muita diversão, aprendizados e toda a mordomia de um excelente sistema all inclusive e pronto: temos a receita para uma viagem incrível! Quer saber como foi a experiência completa? Te conto todos os detalhes neste post!
Primeira parada: Corumbá
O cruzeiro fluvial tem início em Corumbá, localizada no interior do Mato Grosso do Sul, bem na fronteira com a Bolívia. A cidade recebe voos da Azul partindo de Campinas, em alguns dias específicos da semana, mas também há a opção de voar para Campo Grande, que possui mais opções de voos diários. De Campo Grande, dá pra contratar um transfer, alugar um carro ou ir de ônibus até Corumbá. Em todos os casos, a recomendação é chegar na cidade no dia anterior ao início do passeio.
Para a maioria dos turistas, Corumbá serve apenas de base para destinos de ecoturismo no Pantanal e poucas são as pessoas que separam algum tempo para explorar a cidade, o que é uma pena. Corumbá tem uma histórica muito rica (você sabia que a cidade foi palco da Guerra do Paraguai?) e uma gastronomia incrível com bastante influência dos vizinhos bolivianos.
Cheguei na cidade em uma quinta a tarde e já no aeroporto me reuni com os outros agentes de viagem convidados pela Impacto. Luís, o animado guia local que nos acompanharia durante todo o roteiro, já nos aguardava ali e de lá seguimos para o hotel. Após um breve descanso, saímos no fim da tarde para nossa primeira atividade na cidade: um happy hour no Restaurante Viva Bella (R. Arthur Mangabeira, 1 – Centro), de onde se tem uma vista incrível para o Rio Paraguai. Ali, enquanto o sol se escondia e deixava a paisagem ainda mais bela, brindamos ao início da viagem com uma cerveja bem gelada (que fica ainda melhor no calor intenso do Pantanal!).
A próxima parada foi um dos pontos altos da viagem: o menu degustação do Dolce Café (R. Frei Mariano, 572 – Centro). Aliás, aqui vale um parênteses: fui para esta viagem já esperando ver paisagens lindas e diversos animais, mas, confesso, sem grandes expectativas com relação a comida. Hoje, posso dizer tranquilamente que esta foi uma das viagens mais surpreendentes em termos de culinária. Serviu até para eu quebrar meu preconceito com regimes all inclusive (3 refeições por dia + café da tarde + todas as bebidas liberadas), pois tudo o que comemos durante o cruzeiro era incrivelmente bom (falarei mais sobre isso em breve!)
De volta ao Dolce Café: ali tivemos a oportunidade de experimentar 10 pratos típicos desta região pantaneira. O mais legal é que antes de cada prato ser servido, o dono do restaurante nos explicava um pouco sobre a história do mesmo, o que enriquecia ainda mais a experiência.
Os pratos mais esperados da noite eram os com carne de jacaré, um novidade para a maioria das pessoas na mesa. Provamos ceviche de jacaré com maracujá e lombo de jacaré com uma farofinha crocante e, como algumas pessoas já haviam me falado, apesar de ser considerada exótica, a carne de jacaré é bem parecida com frango. Gostei muito!
Mas, para mim, o destaque da noite foram os pratos de origem boliviana, principalmente o pique a lo macho, que consiste em bife de boi picadinho e batata frita misturado com pimentões, ovos cozidos, cebola, pimenta, maionese, mostarda e ketchup. Uma mistura, à primeira vista, aleatória e estranha, mas que forma um prato muito saboroso (fiquei com ainda mais vontade de conhecer a Bolívia depois deste jantar!).
No dia seguinte, acordamos cedo para um passeio muito diferente em Corumbá. Acompanhados de um ator e um violeiro, conhecemos alguns pontos principais da cidade em uma mistura de city tour com pitadas de apresentação teatral, que deixou tudo muito mais cativante. Em algumas horinhas conhecemos os principais pontos da cidade, como o museu Casa do Dr. Gabi, que resgata a memória dos dias de glória de Corumbá, e a Praça da República, palco da Retomada de Corumbá, importante batalha da Guerra do Paraguai.
A parada final do city tour foi um dos lugares que mais me surpreendeu em toda a viagem: o instituto Moinho Cultural. Ali, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco sociais (incluindo as crianças das cidades bolivianas vizinhas a Corumbá), tem a oportunidade de ingressarem em aulas de ballet e música clássicos, informática, apoios escolar, entre outros – tudo gratuitamente e com instrutores altamente qualificados.
Tivemos a chance de acompanhar por alguns minutos algumas destas aulas e achei maravilhoso o trabalho que eles realizam com essas crianças e jovens. Inclusive, muitos alunos saem dali pra se apresentarem e participarem de concursos ao redor do Brasil e do mundo! É um lugar que respira arte e cultura e que transforma a vida de muitas crianças da região. Com certeza, uma parada obrigatória na viagem.
Depois do Moinho, seguimos para o porto da cidade, para começarmos a parte mais esperada da viagem: o cruzeiro com destino a Serra do Amolar.
O barco hotel Comodoro
Quando a gente pensa em cruzeiro, logo imaginamos aqueles navios gigantes com centenas de cabines, milhares de pessoas, cassinos e grandes festas, certo? Confesso que essa ideia não me anima muito (além de ir contra o que acredito em termos de turismo sustentável!). Assim, fiquei feliz em saber que este cruzeiro fluvial estava longe dessa imagem de cruzeiro que tinha na cabeça.
Com apenas 15 cabines e capacidade para até 30 passageiros, O Comodoro é um dos 3 principais barcos da Joicetur, a empresa que opera este roteiro que fiz. O barco é lindo, confortável e impecavelmente limpo. As cabines não são grandes mas também estão longe de ser aqueles quartos claustrofóbicos que esperava de um cruzeiro. Pelo contrário, lá dentro você até esquece que está navegando. As áreas comuns também são super espaçosas e bonitas e contam com um restaurante principal, área de tv, sala de jogos, academia, bar e piscina no convés.
Como são poucas pessoas no barco a experiência se torna muito mais intimista e exclusiva. Porém, acredito que o diferencial mesmo é o serviço prestado. E que serviço! A equipe que trabalha no barco (cerca de 20 pessoas entre guias, cozinheiros, ajudantes e os comandantes) é extremamente atenciosa, solícita e profissional, fazem de tudo para que a viagem seja incrível para todos ali. Eu diria que é um serviço de luxo, mas sem frescuras e com toda a simplicidade e afeto do povo pantaneiro. Eles realmente dão uma aula em excelência de serviço!
E como mencionei no início do post, a comida foi uma das coisas que mais me surpreenderam nesta viagem. A fartura, variedade e qualidade de todas as refeições é realmente impressionante! Tudo muito bem feito e completamente o oposto do que eu esperava de uma “comida de cruzeiro”. Em termos de gastronomia, eu não me lembro de outra viagem que tenha feito que se compare a esta experiência deliciosa no Pantanal!
Navegando pelo Rio Paraguai até a Serra do Amolar
As embarcações da Joicetur fazem dois roteiros: o Terra, mais focado na vida selvagem do Pantanal e com atividades mais tradicionais desta região como safari e passeio a cavalo; e o Água, este roteiro de 3 noites que explora a região da Serra do Amolar.
É claro que, mesmo não sendo o roteiro focado em observação de animais, ainda assim tivemos a oportunidade de ver diversas espécies. Capivaras e jacarés são provavelmente os moradores mais populares do Pantanal e você os vê facilmente durante os passeios. Alguns outros não são tão fáceis assim, como a sucuri (que eu queria muito ver de perto, mesmo tendo pavor de cobras!) e ariranhas, que achei muito assustadoras (olha os dentes dessa senhora!).
Queria muito ter visto a onça pintada, estrela do Pantanal e um dos mamíferos mais incríveis do mundo! Não tivemos essa sorte – até porque, esta não era a época nem a região mais propícia para vê-las – mas, ainda assim, foi muito legal escutar as histórias dos guias sobre alguns dos seus encontros com esses animais fascinantes.
Em todas as atividades, saímos do Comodoro e embarcamos em pequenos barcos motorizados com capacidade para 4 pessoas, cada um com seu piloteiro. Desta forma, conseguimos ver bem de perto muitos animais e chegar em áreas onde o barco hotel não chegava.
A parte mais esperada do roteiro era, claro, chegar na Serra do Amolar. Isso acontece já no segundo dia de navegação, quando acordamos cedinho para ver o sol nascer e já conseguimos ver de longe uma parte da serra. Mais tarde, após o café, embarcamos nos barcos menores para chegar mais perto e a sensação é indescritível. É realmente um lugar mágico e a paisagem é de tirar o fôlego!
Um outro momento espetacular da viagem é quando paramos para nadar em uma área com águas cristalinas, literalmente no meio do nada: só o nosso grupo e mais nenhum ser humano a vista! O mais incrível é que mesmo estando longe do Comodoro, as mordomias não param. Estávamos no meio do nada, mas os barquinhos estavam bem equipados com cervejas geladas e aperitivos!! (Importante lembrar que todo o lixo é recolhido e levado até o Comodoro).
No penúltimo dia o almoço foi em uma comunidade ribeirinha da região, que recebeu nosso grupo e, junto à equipe do barco, prepararam um verdadeiro churrasco pantaneiro pra gente! É uma momento de confraternização muito legal, uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura pantaneira e, mais uma vez, comer maravilhosamente bem! De que mais a gente precisa em uma viagem?
Não vou me alongar (ainda mais) neste post e descrever com detalhes todas as atividades do roteiro, até porque, acho que o mais legal é ser surpreendido durante o passeio. Eu recomendo esta viagem para todas as pessoas que querem ter uma experiência diferente próximo a natureza e explorar um pouco desta região ainda tão desconhecida por nós brasileiros – tudo isso, claro, com muito conforto e segurança.
É uma sensação indescritível navegar pelas águas do Pantanal, ver todas estas paisagens incríveis, observar o céu estrelado durante a noite e ainda ter a oportunidade de conhecer diversas pessoas do Brasil e do mundo, e dividir com elas estas memórias tão especiais!
É bom saber:
- Este roteiro só é operado de Novembro a Fevereiro e tem alta demanda. Portanto, é importante se programar com antecedência;
- Apesar de todo o conforto do barco e do excelente serviço prestado pela equipe da Joicetur, é importante lembrar que este ainda é um roteiro de ecoturismo e é recomendado pra quem realmente gosta de estar em meio a natureza;
- Dependendo do seu orçamento e disponibilidade, é possível também combinar este roteiro com outros lodges no Pantanal e ter uma experiência ainda mais completa e diversa.
Quer saber mais sobre este ou outros roteiros no Pantanal? Entre em contato com a gente! Ficaremos felizes em ajudar 🙂