Guia de Alter do Chão: quando ir, onde ficar e o que fazer nesse paraíso Amazônico

Há pouco mais de 2 anos, ouvi falar desta pequena vila no Pará, conhecida como o “Caribe Amazônico” e logo adicionei na minha (longa) wishlist de viagem. Este ano, organizando minha primeira viagem para o norte do país, eu consegui incluir no roteiro alguns dias em Alter e agora posso dizer com toda certeza: Alter do Chão é um paraíso e todo mundo que ama praia e natureza precisa conhecê-la!

Recentemente, Alter tem ganhado mais visibilidade na mídia e despertado em muitas pessoas a vontade de conhecer as paisagens paradisíacas que veêm no Instagram ou na televisão (já assistiu o Globo Repórter sobre Alter?). Porém, a imagem que ainda se tem de Alter do Chão é que é um destino muito inacessível, muito caro e muito roots. Este post é para desmistificar essa ideia e mostrar que Alter é para todo mundo, inclusive para você.

Como chegar?

Chegar em Alter do Chão é muito mais fácil do que você imagina. A vila é um dos distritos de Santarém, no Pará, que recebe voos diretos de Manaus, Belém e Brasília. 

De Santarém a Alter, basta uma rápida viagem de carro de aproximadamente 40 minutos, por uma estrada asfaltada e em ótimas condições. Os taxis e transfers custam cerca de R$ 100. Para quem quer economizar, há também a opção de fazer este deslocamento de ônibus.

Quando ir?

Alter do Chão tem duas estações bem definidas: a cheia (estação chuvosa) que geralmente vai de janeiro a julho; e a seca, que começa por volta de meados de agosto e vai até janeiro. 

Nós fomos no final de Julho, período de transição entre as duas estações e recomendo muito! Você consegue ver toda a beleza dos rios cheios (a famosa Ilha do Amor ainda estava alagada nesta época), mas também consegue visitar praias maravilhosas, que começam a aparecer nesta época.

Onde se hospedar?

Para quem vai ficar pouco tempo, tem o orçamento um pouco mais apertado e pretende fazer passeios todos os dias (e eles geralmente duram o dia todo), recomendo se hospedar em alguma pousada mais simples próxima a pracinha central. Desta forma, dá pra economizar na hospedagem e nos deslocamentos, uma vez que estará próximo dos principais restaurantes, bares, lojas e da ATUFA, de onde saem os passeios de barcos. 

Durante a minha viagem, me hospedei em dois lugares diferentes em Alter e um deles foi a Pousada Vila Alter. Os quartos são bem simples, mas super limpos e tem ar condicionado (importante em Alter!). A pousada é super pequena, mas muito charmosinha e os donos, Federico e Chris, são extremamente simpáticos e solícitos. A diária custou R$ 150,00 para um quarto duplo com café da manhã incluso. 

Foto: Booking.com

Para quem tem mais tempo na cidade e/ou tem um orçamento maior, minha recomendação é a charmosa Vila de Alter – Pousada Boutique Amazônia. Me hospedei lá por duas noites e amei a experiência! A pousada fica um pouco afastada do centro da cidade e acabamos precisando de táxi para fazer os deslocamentos (dá pra ir a pé, mas são cerca de 30 minutos andando). Mas isso não é uma inconveniência, uma vez que o propósito da pousada é justamente oferecer uma hospedagem tranquila em meio à natureza! 

Além da arquitetura e decoração de extremo bom gosto o que mais me impressionou foi a hospitalidade e atenção de todos que trabalham lá, em especial, as donas Regina e Andrea. Outra coisa importante de ser mencionada, e que valorizamos muito aqui na Viare, é o fato de a pousada adotar diversas práticas sustentáveis, como aproveitamento de recursos naturais, coleta seletiva, compostagem e sistema de esgotamento sanitário com uso de fossas ecológicas.

Para quem está disposto a investir mais na acomodação em Alter, a Vila de Alter é a minha recomendação!

O que fazer?

Nós ficamos apenas 3 dias inteiros em Alter, então não deu para fazer todos os passeios que queríamos como o da Flona do Tapajós, ideal para quem gosta de trilhas e quer conhecer toda a diversidade da fauna e a flora da Amazônia. O Canal do Jari, também é um passeio super recomendado para quem quer ver animais típicos dessa região como, jacarés, preguiças, macacos, mas que infelizmente não conseguimos fazer (mais motivos para voltar em Alter o quanto antes!).

Mas segue uma listinha do que fizemos nesses 3 dias lá e recomendamos pra todo mundo:

Assistir o pôr do sol da orla de Alter

Chegamos em Alter por volta das 16h e por isso não animamos fazer nenhum passeio. Andamos até a orla e ficamos ali tomando sorvete (provem o sorvete de tapioca e o de castanha do quiosque do Nildo, ali no centrinho!) e vendo os barquinhos chegando e saindo  enquanto aguardávamos o pôr do sol. 

Descobrimos logo no primeiro dia o porquê de o pôr do sol de Alter do Chão ser tão famoso. É impossível descrever a magia do entardecer em Alter!

Fazer um tour de praias

Este foi nosso primeiro passeio e que já nos fez apaixonar logo de cara pela beleza da região. Visitamos as praias de águas calmas e transparentes banhadas pelo Rio Tapajós, que em alguns pontos chega a ter 21 km de largura, deixando a sensação de que estamos diantes de um oceano de água doce. É realmente incrível!

O passeio foi organizado pelos nossos parceiros em Alter, e fomos guiado pelo Gilson, que é um amor e conhece tudo da região! A Marupiara trabalha apenas com lanchas pequenas (no máximo 7 pessoas), então não tem guias te apressando e horários super definidos como acontece com grupos grandes. Tudo é feito de acordo com a vontade e tempo dos clientes.

O Gilson sabia os melhores horários para conhecer cada praia e por isso nossa lancha geralmente era a única nos lugares onde paramos para nadar. Foi uma experiência maravilhosa ter a praia toda só pra gente! 

O almoço foi na Praia do Pindobal, que possui algumas opções de restaurantes. Almoçamos um tambaqui assado na brasa que estava MA-RA-VI-LHO-SO. Você escolhe seu peixe e o horário que quer almoçar e eles o trazem acompanhado de arroz, feijão e farofa. O melhor de tudo é que os preços são super justos: essa refeição custou cerca de R$ 25 por pessoa.

O passeio termina na Ponta do Muretá, onde assistimos o pôr do sol mais bonito da viagem (e talvez da vida). Apenas surreal!

Fazer o passeio do Rio Arapiuns

O Rio Arapiuns é um dos afluentes do Rio Tapajós e que também possui praias paradisíacas. Durante o passeio, que também fizemos com o Gilson, ele parou a lancha no meio do rio, em um lugar onde não havia mais ninguém, e anunciou que seria a primeira parada para banho. Nós achamos estranho e questionamos a ele se era seguro nadar ali. Gilson, com toda tranquilidade nos respondeu: “Sim, aqui é uma praia. Olhem pra baixo.”

Sem nos dar conta, estávamos a pouco mais de 30 centímetros acima de uma enorme ponta de areia que se estende por mais de 1 quilômetro em direção ao meio do rio. Como estávamos na época de transição das estações, a praia ainda não havia aparecido, mas estava ali. Logo pulamos na água e ali ficamos por mais de uma hora, nadando no meio do nada e rodeados por botos, que faziam questão de aparecer de tempos em tempos no horizonte, para mostrar que ali era a casa deles. E que casa!

A melhor parte deste roteiro do Rio Arapiuns, é que ele inclui visitas a algumas comunidades ribeirinhas. Inclusive, a parada para almoço é em uma das comunidades, São Marcos, onde duas moradoras preparam com o maior carinho um almoço só para o nosso grupo. Nesta e em uma outra comunidade, também vimos um pouquinho da produção do artesanato com palhas, muito presente nesta região.

Esta é uma iniciativa linda e muito importante, pois gera renda e traz oportunidades para essas comunidades carentes que sobrevivem basicamente do artesanato. Apesar de não ter tido muito tempo em cada comunidade, tivemos a chance de conversar um pouco com alguns moradores e ter uma ideia de como é a realidade por ali. É uma experiência que provoca grandes reflexões e que pretendo escrever sobre em breve em outro post.

O fim do passeio foi na Ponta do Cururu, onde assistimos esse pôr-do-sol:

Assistir a uma apresentação de Carimbó

O Carimbó é uma gênero musical típico do estado do Pará e que possui influências indígenas e africanas. É impossível não se deixar levar pelo ritmo contagiante e alegria de quem canta e dança durante as apresentações. 

Em Alter, acontece às quintas a Quinta do Mestre, que faz parte do Movimento do Carimbó do Oeste do Pará, formado por Mestres, grupos e amantes do carimbó a fim de fortalecer a manifestação, patrimônio cultural, nesta região. Tivemos sorte de estar lá na quinta e é incrível como o evento une moradores locais e turistas de uma maneira única! É uma festa muito bonita, colorida e cheia de vida.

Últimas dicas

  • Não deixe de provar o chips de banana, muito comum na região norte. Em Alter, você pode encontrar em várias barraquinhas do centro. Te desafio a abrir um pacote e não comê-lo todo em menos de 10 minutos!
  • Próximo a pracinha central da vila, há uma excelente opção de restaurante para vegetarianos e veganos (ou pra quem curte uma comidinha caseira muito bem feita com muito amor): é o Bistrô Siriá. Os valores são muito bons (cerca de R$ 25,00 o prato com suco/chá), o ambiente é uma graça e o atendimento muito simpático.

  • Apesar de a maioria dos lugares aceitarem cartão, recomendo levar um quantia razoável em dinheiro, para pagar as taxas comunitárias dos passeios, os artesanatos na comunidade e taxi, caso seja necessário. Se eu não me engano, há apenas um lugar para tirar dinheiro em Alter, o Mercado Mingote, que fica na pracinha central.
  • Ao contrário do que muitas pessoas acham, Alter do Chão não tem mosquitos, apesar de estar em meio a Floresta Amazônica (nos contaram que é algo relacionado à acidez do Rio Tapajós, que não atrai muitos mosquitos para a região). De qualquer forma, recomendamos levar repelente se você pretende fazer algum passeio que envolva trilhas.

Para quem ainda não tinha ouvido falar de Alter do Chão ou para quem conhecia pouco sobre esse lugarzinho mágico em meio a Floresta Amazônica, espero que este guia tenha te deixado com vontade de incluir Alter na sua lista de viagens!

Precisa de ajuda com o seu roteiro em Alter? Nós podemos te ajudar!