Aqui na Viare Travel, buscamos promover bastante o turismo de base comunitária no Brasil. Mas muitas vezes os nossos clientes não entendem muito bem o que é esse tipo de experiência, e sentimos que faltava um texto no site para nos ajudar a esclarecer isto, por isso, falamos com uma das maiores especialistas no assunto hoje, no Brasil, pra nos ajudar.
Pedimos a ajuda da Mariana Madureira, diretora da Raízes Desenvolvimento Sustentável, para nos ajudar a esclarecer algumas dúvidas comuns de clientes. Veja nossa entrevista com ela abaixo!
Como você define o turismo de base comunitária?
Acredito que o principal princípio do TBC, aquele que não pode faltar, é a participação e autonomia da comunidade. O turismo comunitário não é aquele que ocorre em uma comunidade (como os safari tours em favelas, que antagonizam com os princípios do TBC), mas aquele que acontece com a comunidade, em diálogo, com participação ativa e decisão soberana.
Como esse tipo de turismo é diferente do tradicional?
A ideia é um contato humano mais profundo que impacte positivamente quem visita e quem é visitado. Esse turismo acredita na diferença como atrativo e incentiva as comunidades tradicionais a se orgulharem de sua cultura e território, preservá-los e compartilha-los de forma sustentável com os turistas.
Como os viajantes podem identificar ações de turismo de base comunitária?
A internet hoje nos possibilita acesso a muitas informações. Busque saber como as iniciativas se relacionam com o território e como os recursos do turismo são aplicados. A ONG Projeto Bagagem, do qual sou voluntária, ajuda a divulgar destinos sérios e vale uma consulta.
Hoje, vemos muitas atividades com nomes do tipo “Deep Travel”, ou “Turismo de Experiência” – como isso é diferente? Tem a ver com o turismo de base comunitária?
O turismo de base comunitária é um “deep travel” e uma experiência, mas nem todo turismo de experiência ou “deep travel” é de base comunitária. Para ser de base comunitária precisa ser co-gerido pela comunidade e contribuir para sua permanência no território.
O que eu, o viajante, ganha com esse tipo de experiência?
Um conhecimento mais genuíno do modo de vida das comunidades tradicionais brasileiras que são tão diversas. Agricultores, pescadores, índios, quilombolas, ribeirinhos, sertanejos, artesãos… são modos de subsistência, crenças e formas de encarar o mundo que enriquecem a nossa percepção de vida e nos torna seres humanos mais conectados com a imensidão do nosso planeta.
Quais destinos brasileiros, ou tipos de destinos, tem mais oportunidades para o turismo de base comunitária?
Os mais conhecidos estão na Amazônia e no litoral, mas temos comunidades em todos os biomas e todos os estados brasileiros. O Brasil é um país muito rico em sociodiversidade e o TBC é uma oportunidade de manter e divulgar culturas tradicionais.
Você pode contar sobre alguma comunidade (ou algumas) que você conhece, no Brasil, que são cases de sucesso nesse tipo de turismo?
Rede Tucum no Ceará, Acolhida na Colônia em Santa Catarina, Jequitinhonha em Minas Gerais, Ilha de Cotijuba no Pará, Reserva Mamirauá no Amazonas, Grãos de Luz e Griô na Bahia, Quilombo do Campinho no Rio de Janeiro, RTC Paranaguá no Paraná, dentre muitos outros.
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Obrigada Mariana! Volte sempre para nos ajudar com estes assuntos relacionados ao turismo responsável 🙂
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Mariana Madureira é Co-fundadora e Diretora da Raízes Desenvolvimento Sustentável, voluntária do Projeto Bagagem e pesquisadora do GAPIS. Empreendedora Social, atua na área de desenvolvimento local com foco em mulheres e territórios há mais de 10 anos. Mariana é turismóloga (UFMG), mestre em patrimônio cultural (USP) e doutoranda em psicossociologia e comunidades e ecologia social (UFRJ).